terça-feira, 6 de novembro de 2012

Rita Lee volta aos palcos em grande estilo

Rita Lee subiu ao palco por volta das 17h50 e mostrou porque é uma das artistas mais polêmicas do rock brasileiro. Depois de cantar “Lança perfume”, a cantora ficou de costas para o público, baixou as calças e fez bundalelê para o delírio da plateia, que gritou “Rita, eu te amo”.
Quase ao final do show, depois de cantar músicas como Vírus do Amor, Saúde, As loucas, Reza, Doce vampiro e Ovelha negra, Rita ouviu os apelos do público e se pôs a falar do Mensalão. “Joaquim Barbosa poderia ser o presidente da República. Eu adoro o Brasil, a gente é um país muito louco, que é grande, mas é uma aldeia. Saí da toca só por causa de Brasília e do Green Move Festival. Nada melhor que um festival grátis, festiva l bacana.”

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Green Move Festival vai ter show de Rita Lee

"Rita lee "fará show em 4 de novembro no Green Move Festival, em Brasília, e planeja pequena turnê em 2013, com o show “Reza”. A roqueira está gerenciando sua própria carreira agora.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

REZANDO NA CARTILHA LIVRE DE RITA LEE

Coberta por expectativas e curiosidade, Rita Lee lança o primeiro álbum de composições inéditas desde 2003. No novo Reza, editado pela Biscoito Fino, Rita segue a bem sucedida parceria com Roberto de Carvalho em 14 músicas que comprovam que a pena da dupla continua afiada, moderna e cheia de surpresas. Foram nove anos longe das salas de gravação mas em contato direto com o público em shows pelo país. Em contraponto o disco foi gravado em retiro caseiro no estúdio montado pelo casal, que também somou a colaboração do produtor Apollo 9. A idéia original era lançar um álbum com releituras para clássicos do cinema, mas o repertório inédito se impôs naturalmente como prioridade adiando o anterior. O resultado é um saboroso drops de sabores variados e surpresas no caminho, mantendo a marca de Rita e Roberto. Durante as gravações Rita Lee soltou trechos de músicas em seu site, chegando a apresentar na íntegra o delicioso rock As loucas. Ali estava sua eterna história de uma mulher moderna – a música tem parentesco com Todas as mulheres do mundo e com as musas Luz del Fuego e Elvira Pagã. Disco pronto, foi a vez da faixa título virar sucesso espontâneo assim que lançada na internet. Logo chegou ao topo das paradas de rádios, no horário nobre da trilha sonora da novela e até no ranking do Itunes. Na loja virtual se estabeleceu em primeiro lugar desbancando a dominação de neo-sertanejos, ídolos teens e pops-axés. A bem vinda Reza se adiantou como um petisco do ótimo repertório inédito. Personalíssima, só Rita pode vestir a personagem do auto-escracho sem perder (jamais) a elegância. Nessa linha estão Tô um lixo e Vidinha, reclamações muito bem humoradas, além da refri-junkie Gororoba, rock básico para apreciar sem moderação. Sua eterna Carmen Miranda volta atual no eletro-baticum-tropicalista Paradise Brasil, faixa feita apenas por Rita e Roberto – da composição a execução, assim como outras ao longo do álbum. Ela se reveza em vozes, vocais, percussão, flautas e teremin; ele nas guitarras, violões, vocais e teclados de sempre mas aqui também em gaitas, programações, loops e baixos. Reza ainda abre espaço para mais ousadias. Logo na primeira faixa Rita puxa a ladainha na oração Pistis Sophia, acompanhada apenas pela percussão do lendário João Parahyba. Do orgânico ao eletrônico, no fim do álbum experimenta na instrumental Pow um interplanetário solo de seu theremin. No meio do caminho a eletrônica também veste a história da Cybernerd girl de Bixo grilo. O disco oferta mais surpresas. Se em 1993 Rita levou a sério o idioma italiano em Dami mile bacci (parceria com Carlos Rennó), agora é a vez de se divertir com o sotaque na hilária Tutti fuditti evocando um Adoniran pop sem compromisso. Hábil em brincar com o português, Rita já se mostrou a mesma aptidão com inglês e francês. Ainda desenrola línguas com desenvoltura nas rimas de Bagdá (que mistura “Tabouli esfiha kibe humus vatapá”)e no samba-rock Bamboogiewoogie, com ares de Trio Mocotó e levadas latinizadas. Na sensual e apaixonada bossa Rapaz segue a viagem “Rapaz / Se você quiser / Fugimos pro Tibet”. Criadores da linguagem pop-brasileira, Rita Lee e Roberto de Carvalho seguem numa serena vanguarda celebrando a liberdade de não se ajustar a rótulos. O repertório de Reza é forte, reserva surpresas sem deixar de lado a marca da bendita dupla criativa que mantém a tradição de se reinventar. Amém. Por Beto Feitosa publicado no site Ziriguidum em 04/05/2012.

Rita Lee mais experimental que nunca

Rita Lee é uma artista instigante. A única música do seu novo CD mais, diríamos, comercial é "Reza", que está na novela "Avenida Brasil" como tema de Cadinho (Alexandre Borges) e suas "três mulheres". A letra é forte: "Deus me proteja. Da sua inveja. Deus me defenda. Da sua macumba. Deus me salve. Da sua praga". No mais, as outras faixas trazem o estilo de "Os Mutantes". Rock in Roll na veia, exercícios vocais intrigantes e que, como a própria Rita Lee diz, "são 14 orações: cristãs, pagãs, porraloucas, mundanas, nirvânicas. Tudo gravado na garagem de casa, very rock'n roll. Há séculos não saíamos da 'rede' para gravar. Emocionante". Eu chamo atenção para música "Tutti Fuditti", da parceria Lee e Ribertio Carvalho, que embala uma falsa inocência, uma doçura aparente, mas na verdade traz uma letra dilacerante. Rita Lee é para iniciados. Em resumo, vai lá ouvir o CD: "Umberto Eco Eco. Alegro, alegro ma non treppo" por Sidney Rezende

Rita Lee & nós, tutti fuditti

Houve nove anos de hiato entre o álbum inédito anterior de Rita Lee e o novo, que está chegando às lojas agora. Demorou, mas os semideuses e os hiperplebeus tropicalistas estão em festa: Balacobaco (2003) era inspirado, e este Reza é mais ainda. A desobrigação e a ruína da indústria fonográfica fazem bem à beça à mais importante compositora popular brasileira. Permanece o truque-isca de Balacobaco: uma melodia chatinha para grudar nos ouvidos da multidão, via trilha de novela. Em Balacobaco era "Amor e Sexo", que musicava uma crônica do reacionário de plantão da Globo, Arnaldo Jabor. Desta vez é "Reza", de Rita e Roberto de Carvalho, em cartaz na atual Avenida Brasil global. Reza (o disco) é bem mais inspirador que "Reza" (a balada pop-rock), assim como Balacobaco era bem mais consistente que apenas "Amor e Sexo". A própria letra de "Reza" flagra Rita em um de seus muitos instantes brilhantes. Pertence à categoria das canções de ódio de anos recentes, nos quais vêm se esmerando ela, Caetano Veloso e Maria Bethânia. "Deus me perdoe por querer/ que Deus me livre e guarde de você", dispara a ídola em diálogo direto com um fã imaganário que não sabemos quem é (mas podemos ser, e somos, você e eu). Se em 2000 Caetano se movia contra a fé em linguagem cifrada, em "Zera a Reza", Rita é mais direta: chama um treco de reza e se põe a xingar muito no CD ("Deus me defenda da sua macumba", "Deus me imunize do seu veneno"), qual Bethânia em sua recente "Carta de Amor". Rita já explorara o veio da canção-xingo em duas das poucas canções inéditas incluídas num disco de sucessos ao vivo de 2009. "Se Manca" soltava bombinhas em religiosos ("nem vem falar de Jesus, você é pecador"), ambientalistas ("não me vem com papo ecológico, você é poluidor"), ricaços, intelectuais e outros chatos de plantão ("se manca, neném/ gente mala a gente trata com desdém"). No delicioso rockão "Tão", arremetia contra uma figura que ela jamais há de admitir, mas tem tudo a ver com Sandy Leah: "Tão boazinha/ tão certinha/ tão discreta/ tão correta/ tão modesta/ tão honesta/ tão decente/ tão boa gente/ tão cordata/ tão sensata/ tão, tão, tão, tão.../chata, chata!". Dinamite pop pura, à altura da Rita mutante, da Rita tutti-frutti ou da Rita roberta-de-carvalha. Reza tem várias variáveis de canções-xingos. Em "As Loucas", ela segue outra de suas bandeiras de sempre, a feminista, e investe contra a hipocrisia macha-machista-misógina: "Eles amam as loucas/ mas casam com outras" (com as chatas de "Tão", provavelmente). Em "Paradise Brasil", pressiona de leve a veia política (também reacionária) que a atormenta, num beliscão sutil ao país natal, visto por ela, para variar, como paraíso tropical-tropicalista habitados por carmens mirandas, bananas e tucanos (esses a letra não cita). Mas a melhor verve da Rita 2012, e aqui ela vence de lavada os manos Caetano e Bethânia, é a da canção de autoxingo. Dona Lee é mestre em se autoavacalhar, daquele jeito que faria Eduardo Dussek, daquele modo inteligentíssimo que critica você e eu parecendo que está esculhambando apenas a si. "Divagando", "Vidinha" e "Tô um Lixo" são as obras-primas de Reza nessa vertente. "Divagando/ devagar/ quase parando/ de pensar", glosa o mote-mantra da primeira. "Faço terapia/ malho todo dia/ pratico ioga/ não uso mais droga/ tomo ansiolítico/ em estado crítico/ na crise de pânico/ propofol orgânico", reforça a segunda, entregando as agruras de estar às portas da "melhor idade" (dona Rita tem 64). E o refrão explode: "Vidinha besta/ vidinha furreca/ vidinha chinfrim/ ô vidinha de merda". Se a vida dela, que é pop star, é assim, imagina a nossa. "Tô um Lixo" é outro primor de autoavacalhação: "Parei de fumar/ parei de beber/ parei de jogar/ parei de ser aquele ser cafajeste/ aquela peste/ nem banho tomo mais/ trabalho tanto faz/ a cabeça tá um jazz/ eu vivo pelos cantos feito bicho/ eu tô um lixo". Trata-se de reclamol azedo tipicamente paulista (até nessa linha Rita é a nossa maior compositora em atividade via São Paulo — inclua mulheres e homens). O queixume, no entanto, é atenuado pela agridoçura da melodia, vibrante e tipicamente bubble gum. Uma quarta faixa expõe, de modo camuflado, o instinto autodepreciativo de Rita Lee. "Bamboogiewoogie" faz espelho com "Paradise Brasil" no papel de manifesto sempre-tropicalista, que Rita, como Caetano, nunca esquece de sublinhar. Eletrônico como quase tudo no disco, o arranjo faz lembrar um baião pós-tropicalista, um afago da paulistana profissional no pernambucanismo centenário de Luiz Gonzaga — bem mais antenado com 2012 que a dance-house de "Paradise Brasil". De novo, Rita repete chavões da "tropicania" tropicalista, inaugurando neologismos trôpegos como "tupinikingkong", "babalorixamego", "bamboogiewoogie" — o universal & o local, o Brasil & o mundo, o som universal, todas aquelas mumunhas antropofágico-modernistas-tropicalistas. Só que há ali um refrãozinho, o mais confessional do CD, na mais inspirada de suas faixas: "Eu I love you, mas você não love me eu". A compositora costuma reclamar que paulistanos e corintianos não gostam dela — que, por sinal, é paulistana e corintiana, logo... Dois versos antes do refrão, já entregou de bandeja a relação com o Rio de Janeiro: "Copacabana me engana que eu gosto". Pensemos em "eu I love you, mas você não love me eu" como queixa direcionada não a uma pessoa, mas a uma cidade (São Paulo?), um estado (Rio?), um país (Brasil). "Voy a me matar, atirar-me da ponte, se não me quieras", dramatiza em portunhol ao final, com voz de pândega em chantagem emocional bem paulista embutida na eterna rixa autofágica da tropicália com o Brasil. Mesmo considerando que Rita sempre foi muito mais leve na brasilfobia que seus herdeiros da geração pop-roqueira dos anos 1980, a tensão perene resiste: afinal, quem não gosta de quem nessa joça? Se há resposta para isso em Reza, está em "Bamboogiewoogie", em "Paradise Brasil" e nas faixas que são a especialidade de Rita & Roberto, as gomas de mascar transnacionais com letras feitas de trocadilhos aparentemente bobos: "Gororoba", "Bagdá", "Tutti Fuditti". "Gororoba" cobiça a cultura pop norte-americana (é uma canção-"merchan" perversa, um tributo cafajeste à Coca-Cola), mas comunica-se diretamente com o "seu garçom, faça o favor de me trazer depressa uma boa média que não seja requentada" de "Conversa de Botequim" (1935), do carioquíssimo Noel Rosa. Muito já se disse que o pop de Rita & Roberto era um modo excêntrico de fazer marchinha carnavalesca, samba ou coisa parecida, e é por aí mesmo que a barca corre. "Bagdá" brinca com termos sonoros derivados da cultura árabe. E joga um "vatapá" entre tabules, esfirras, quibes e húmus. O próprio Caetano parece gostar da semelhança física com Bin Laden — citado explicitamente em "Bagdá", entre (Salvador d')Ali Babá e Saddam Hussein. Quem ousaria citar simpaticamente tais vilões mundiais numa letra pop? Rita Lee ousaria — ela, que em 1976, em "Arrombou a Festa", foi a única a furar um cerco de concreto armado e citar nominalmente o então já proscrito Wilson Simonal. Em "Tutti Fuditti", por fim, a brincadeira é com termos italianos (e nem à distância passa por citar seu grupo setentista-feminista, o Tutti Frutti, como se pode a princípio deduzir). "Siamo tutti fuditti/ maledetto mondo cane/ voglio a mangiare dinamite, dinamite, dinamite", ela pipoca, em versos que, pensando bem, são autoesculhambativos ("maledetto mondo cane", "alegro ma non treppo") e chantagistas emocionais paulistanos profissionais ("voglio mangiare dinamite"). O arranjo de"Tutti Fuditti" lembra de perto a Rita Pavone de "Datemi un Martello" (1964) e, por intermédio dela, o iê-iê-iê praticado nos anos 1960 a partir de São Paulo, Celly Campello, Os Incríveis, Wanderléa e que tais. Ainda que seja por vieses estadunidenses, árabes, italianos ou punk-roqueiros, Rita Lee é paulistanidade pura, entre gostosos e amorosos e sofisticados tratamentos musicais. Deixa de manha, dona irRita, a gente também te ama - que discaço, o seu novo. Por Pedro Alexandre Sanches

Rita Lee

A Justiça de Sergipe enviou uma carta precatória à Comarca de São Paulo para que a cantora Rita Lee defina em um prazo de 10 dias se vai acatar ou não o acordo proposto pelo Ministério Público de Sergipe. A promotoria quer que a artista preste serviços comunitários por três meses e doe o cachê de R$ 115 mil, que recebeu pelo show, para o fundo municipal para Criança e Adolescente do município da Barra dos Coqueiros. O processo é por causa de uma confusão durante um show da cantora realizado no dia 28 de janeiro em Sergipe, quando ela teria desacatado autoridades e feito apologia ao consumo de drogas.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Em ‘Tô um Lixo’, terceira faixa do álbum ‘Reza’ — primeiro de inéditas em nove anos —, Rita Lee canta: “Parei de fumar/ Parei de beber/ Parei de jogar/”. Duas músicas depois, ainda em tom confessional, ela prossegue assim em ‘Vidinha’: “Não uso mais droga/ Tomo ansiolítico/ Em estado crítico/ Na crise de pânico”. Para um ouvinte desavisado, pode até parecer que a cantora está numa pior, mas, segundo a ruiva, não passam de boatos. “Mas por que vocês acham que toda a letra é autobiográfica? Já vivi muita tarja preta nessa vida, mas hoje só sou viciada em Coca-Cola. ‘Vidinha’ foi inspirada num amigo meu que acha tudo uma m... ‘Tô um Lixo’ é sobre uma perua que vi no dentista”, explica a Rainha do Rock, que, como de costume, volta a ocupar o topo das paradas. O novo álbum, construído na “garagem” de sua casa, com o eterno parceiro Roberto de Carvalho, chegou à primeira posição no iTunes essa semana. “Somos uma dupla há 36 anos. O que um toca o outro dança. Um mete a colher no caldeirão do outro”, brinca ela, sem revelar de quem é o toque de Midas. Dessa vez, além de colaborar em quase todas as 14 faixas, Roberto também fez a arte do CD. “ Sempre gostei de fotografia. Fiz várias versões de capa. Minha escolhida era uma de rosto inteiro, mas ela não queria capa carão”, diz o multi-instrumentista.‘Reza’, segundo Roberto, tem todos os elementos de um disco pop. “Gostamos de rock, MPB, eletrônica e bossa-nova. Só um imbecil não sabe que atirar em muitos lados faz parte da dinâmica”, defende ele. Um desses tiros acerta na psicodelia dos Mutantes. Em ‘Pow’, Rita toca o theremim, que emite sons a partir da proximidade dos dedos. “Tudo que faço de bom dizem que tem cara de Mutantes e o que julgam ruim tem a minha cara. Modéstia à parte, depois de minha saída do trio, a coisa daquele lado ficou meio devagar”, debocha ela, que anda meio preguiçosa. “Para fazer show a essa altura, eu teria que treinar com Anderson Silva”, diz. Mas ‘Reza’ não merece um registro? “Gravações só no conforto da minha garagem cheirosa”, avisa a doce aposentada. - O Dia -
Dona Rita, em foto-divulgação de "Reza", feita pelo marido-parceiro Roberto de Carvalho